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No Dia Mundial da Água, faltam motivos para comemorações

mar 20, 2015


Falta de planejamento e escassez de chuvas somam motivos para que sociedade civil e entidades governamentais repensem sobre a necessidade da implementação de ações educativas e planejamento no uso dos recursos hídricos

País que detém aproximadamente 12% da água doce do planeta, o Brasil chega neste 22 de março, Dia Mundial da Água, em meio a uma dura realidade: não há mais o que se comemorar. A seca que atingiu o Sul e o Sudeste nos últimos meses expôs o chão rachado do fundo dos reservatórios das maiores capitais do país e também o descaso do governo diante dos inúmeros alertas emitidos por estudiosos e entidades ligadas à área do meio ambiente ao longo de décadas.

Há 37 anos, o ambientalista e professor de ecologia da USP e titular da Sema (Secretaria Especial do Meio Ambiente), do governo federal, Paulo Nogueira Neto, emitia o alerta sobre a iminência da falta de água no Brasil, especialmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Em reportagem publicada pela Folha de São Paulo, na edição de 25 de maio de 1977 (Primeiro Caderno, p. 12 <http://acervo.folha.com.br/fsp/1977/05/25/2>), o então secretário federal destacou as capitais Belo Horizonte e São Paulo como “exemplos típicos de má utilização da água doce” no Brasil, afirmando que as duas cidades deveriam cuidar melhor da preservação de seus recursos.

Em 2002, um estudo realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Agência Nacional de Águas e do Ministério do Meio Ambiente, avaliou a atuação do Governo Federal na gestão dos recursos hídricos e constatou que 19 regiões metropolitanas poderiam entrar em colapso. Na ocasião, a economia brasileira já vinha sendo afetada pela inexistência de medidas preventivas para evitar a escassez. Os técnicos do TCU observaram que a crise hídrica não seria consequência apenas de fatores climáticos e geográficos, mas principalmente do fato de que a água não ser tratada como um bem estratégico no país, visto que muitos a julgam como um recurso infinito.

Passadas décadas de descaso e inércia, o que se vê é a crise tomando forma e a ameaça de racionamento batendo à porta dos cidadãos. Minas é um dos estados que mais vem sofrendo com a escassez das chuvas e com as medidas emergenciais impostas pelo governo. Nas residências, consumidores se desdobram na busca de soluções para economizar água e muitos até investem no reaproveitamento e na captação das águas pluviais. Em algumas cidades, falta água até para as necessidades mais básicas de todo ser humano.

Segundo a conselheira do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva de Minas Gerais (Sinaenco-MG), Gizelda de Melo Machado, além de não ter sido feito um planejamento pela administração pública, algumas variantes não foram consideradas. “Não só o crescimento populacional, que gera mais demanda a cada ano, como o não tratamento do esgoto e recuperação das águas, causam um impacto negativo neste quesito”, explica.

Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em Minas Gerais, apontam que menos do da metade do esgoto é tratado. E, para piorar o cenário, um levantamento da Comissão Extraordinária de Recursos Hídricos da Assembleia de Minas Gerais, de dezembro de 2014, concluiu que somente 10% dos municípios mineiros possuem um Plano de Saneamento Básico.

Para o presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip-MG), Breno Assis, é hora de ouvir os institutos e profissionais promotores de pesquisas que apontem os caminhos possíveis para o correto consumo da água, transformando soluções de longo prazo. “No entanto, por mais que tenhamos perdido muitas oportunidades de implementar ações para se evitar a crise, nunca é tarde para colocar em prática um projeto adequado, que extrapole os quatro anos de qualquer mandato político, a fim de garantir que as gerações futuras possam usufruir dos recursos hídricos”, diz.

No que diz respeito às medidas emergenciais, Gizelda enfatiza que as possibilidades de haver racionamento são significativas. “Resta agora correr atrás do prejuízo e cobrir uma primeira necessidade que se agrava com os níveis baixos dos reservatórios e a falta de previsão de chuvas”. E completa: “Talvez a primeira opção seja racionar, mas a Copasa está viabilizando um projeto de reforço pelo Rio Paraopeba, onde será construída uma adutora de quatro quilômetros até o Sistema Serra Azul”, finaliza.

 

Mercado dá bons exemplos

Temendo as consequências da crise nos negócios, empresas e organizações de vários setores já vêm investindo pesado em sistemas de reaproveitamento de água em vez de só despejá-la na rede de esgotos. As indústrias, que por décadas reinam como as grandes poluidoras dos rios, descobriram que o reuso de água é uma oportunidade para reduzir custos. Em Minas Gerais, a lista inclui setores como a indústria da construção, montadoras automobilísticas, siderúrgicas e outras.

Breno Assis avalia o momento como a chance de transformar dificuldades em oportunidades. “Além de mostrar que é possível reduzir o consumo de água sem perder conforto a custos relativamente baixos, é hora de desenvolver soluções inteligentes”, diz.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos de Cimento do Estado de Minas Gerais (Siprocimg), Lúcio Silva, datas comemorativas, como a do Dia Mundial da Água, são importantes para lembrarmos sobre a importância das ações e iniciativas que estejam sendo desenvolvidas em relação à esse recurso. Segundo ele, no que tange à indústria de produtos de cimento, as fábricas estão se atualizando, fazendo investimentos para melhorar o produto e a qualidade da sua produção. Com isso, vários recursos são poupados e melhor aproveitados, como água, energia elétrica e até mesmo o tempo gasto para desenvolver esses materiais.

“Na indústria de produtos pré-moldados, o concreto é vibrado e prensado. Isso, por si só, já envolve menor consumo de água. Até por uma questão técnica da produção, é preciso ter um equilíbrio na utilização da água – já que o excesso desse recurso atrapalha no processo de lubrificação das partículas”, explica Lúcio Silva. O presidente afirma que, em Minas Gerais, as empresas e indústrias já estão atualizadas e fazendo um bom trabalho na reutilização da água nos processos de fabricação. “Essa cultura de redução do desperdício já está inserida dentro das organizações, mas acredito que, quanto mais discutirmos esse assunto, melhor. Isso chama a atenção dos empresários e abre espaço para alternativas de melhoria dos processos”, avalia.

 

 


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