Temas atuais, como o encarecimento das contas de luz e a crise econômica, aumentam a necessidade trazer para sala de aula noções de como lidar com o dinheiro desde cedo
Em tempos de economia enfraquecida e constantes ameaças de abastecimento de água e energia em todo país, esses assuntos começam permear conversas em todos os âmbitos e idades, seja no trabalho, na rua, em casa e (porque não?), nas escolas.
“Quanto antes as crianças e jovens estiverem familiarizados com uma forma responsável de utilizar o dinheiro e outros recursos, mais efetiva vai ser a fixação desses ensinamentos para sua vida adulta”. Essa é a opinião do diretor do Colégio Imaculada Conceição, de Belo Horizonte, Sérgio Martins Duarte. Tendo em vista o cenário atual, a instituição intensificou o trabalho com a Educação Financeira para alunos do Ensino Fundamental – do 1º ao 9º ano.
Seja para analisar o consumo de uma conta de luz ou elaborar um plano de gastos para melhor utilizar a mesada, a iniciativa, que não é parte da grade curricular, mas integra as aulas de todas as matérias, é parte importante da formação acadêmica e humanística dos estudantes. “É um trabalho interdisciplinar, encabeçado pela disciplina de Matemática. São aulas, por exemplo, sobre como surgiu o dinheiro, em História, ou qual é o valor do dinheiro nos diferentes países do mundo, em Geografia”, conta a coordenadora do Ensino Fundamental II, Maria Eugênia Moreira.
As aulas de Educação Financeira fazem parte de um programa aplicado ao longo de todo o ano. “O objetivo é fazer com que as crianças tenham uma relação mais saudável com o dinheiro para se prepararem para sua vida adulta”, ressalta a educadora.
Para dialogar com as diferentes idades dos alunos que são contemplados com as aulas, o projeto trabalha com abordagens variadas. “Para os menores, por exemplo, existe um capítulo do livro que fala sobre como se planejar em relação à mesada. Então, a criança monta um cofrinho para poupar o dinheiro que vai gastar no final do ano com um presente ou um passeio”, explica a coordenadora.
A formação de um cidadão consciente também é um intuito do programa, por isso a questão da ética também é abordada sob a luz da Educação Financeira. “Na disciplina de Sociologia, é conduzida uma discussão sobre valores, relacionando com casos de corrupção, por exemplo. Em religião, vemos sobre a real necessidade de ter dinheiro, assim como a dubiedade entre querer um brinquedo ou uma roupa e, efetivamente, poder adquirir aquele bem”, conta.
Mesmo a Educação Financeira integrando as ações do colégio, para o diretor da instituição, esse assunto deve ser introduzido, gradualmente, no dia a dia da criança. “A escola é complemento do que é aprendido em casa, portanto, desde cedo é importante introduzir noções sobre como poupar dinheiro e saber lidar com ele”, ressalta.
Sustentabilidade e consciência econômica
A discussão da Educação Financeira é ampliada quando se trata da situação do abastecimento de água e energia. Por isso, noções de consumo consciente e ambientalmente sustentável são priorizadas no colégio, por exemplo: por meio de conversas e dicas sobre os cuidados com seus brinquedos e roupas, material escolar, passando até pela atitude de apagar as luzes da sala de aula quando não estiver ninguém no local ou fechar a torneira na hora de escovar os dentes.
Os mais velhos também são contemplados com as ações de sustentabilidade e economia. “Os alunos do segundo ano do Ensino Médio fizeram, ultimamente, um estudo de quantas lâmpadas eram realmente necessárias para o funcionamento do colégio ao longo do dia e se era possível tirar algumas a fim de economizar”, conta a coordenadora do Ensino Médio, Cássia Lara.
“Acreditamos que essa temática deve ser abordada de forma transversal e contínua. Além dos módulos aplicados ao longo do ano, existe ainda a conscientização dos educadores no dia a dia e na convivência com os alunos no colégio”, finaliza o diretor Sérgio Martins Duarte.
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