*Breno Assis
O Brasil vem passando por grandes períodos de estiagem nos últimos anos, o que levou a uma crise hídrica e energética sem precedentes. Apesar de gerar um impacto negativo para a economia como um todo, o colapso representa uma enxurrada de oportunidades para o segmento de engenharia de sistemas prediais.
Especialistas afirmam que a situação é agonizante e recomendam redução imediata nos gastos de água e de energia elétrica para tentar evitar uma situação ainda mais caótica. Diante desse quadro, o governo já vem estudando medidas para obrigar empresas e a sociedade em geral a diminuir o uso dos recursos. Em Minas, a Copasa (Companhia de Água e Saneamento de Minas Gerais) vem solicitando redução de 30% no consumo e já informou, recentemente, que até o momento o percentual atingido foi de apenas 7%. A disparidade entre os números revela a grande distância da meta, e permite entender que a situação é realmente de extrema gravidade.
Nós da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip-MG), avaliamos o momento como a chance de transformar dificuldades em oportunidades. Além de mostrar que é possível reduzir o consumo de água e energia elétrica sem perder conforto a custos relativamente baixos, é hora de buscarmos oferecer ao mercado soluções inteligentes.
Temendo as consequências da crise nos negócios, empresas e organizações de vários setores estão investindo pesado em sistemas de reaproveitamento de água, em vez de apenas despejá-la na rede de esgotos ou observá-la escorrendo nos telhados e calhas. O setor industrial, que por décadas reina como o grande poluidor dos rios, descobriu que o reuso de água traz uma oportunidade para reduzir custos. Em Minas Gerais, a lista de empresas que investem em tecnologia de reuso e conservação de água inclui pesos pesados do setor como as siderúrgicas Usiminas e Gerdau, a montadora Fiat Automóveis e a têxtil Cedro Cachoeira, entre outras empresas relevantes da economia estadual.
Nas zonas rurais, agricultores estão literalmente sedentos por soluções para os problemas de irrigação. A demanda maior é por sistemas de bombeamento de águas proveniente de lençóis freáticos, utilizando para isso sistemas de energia sustentáveis, como a energia solar ou fotovoltaica.
No mercado imobiliário e de construção civil, o pensamento sustentável vem tomando conta dos projetos. Por demanda dos usuários das edificações, as construtoras estão apostando gradativamente em edifícios verdes, considerando todo tipo de sistema eficiente que se possa pensar em um edifício. Todo este cenário demanda a aplicação de tecnologias que desenvolveram-se fortemente nos últimos anos, portanto, o que não faltam são motivos e oportunidades para que o mercado de soluções em engenharia de sistemas cresça mais a cada dia.
Na corrida pela redução do consumo, muitas famílias também vêm adotando novos hábitos e medidas simples, mas muito eficazes, como a reutilização da água da máquina de lavar na limpeza de calçadas e até armazenagem de água da chuva para diversos fins. Também começa a se perceber o aumento na procura por sistemas mais econômicos e alternativos de geração de energia, além de sistemas hidrossanitários que propiciam redução nos gastos e reutilização da água.
Na ocasião do racionamento de energia, em 2001, soluções simples e baratas, como a troca das lâmpadas incandescente e o surgimento do selo Procel ajudaram milhares de consumidores a reduzir o consumo de energia elétrica em 20%. Além disso, houve um boom no mercado de sistemas de energia solar, especialmente para residências. São as ideias simples e eficazes que apresentam maior aceitação no mercado.
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*Breno Assis é engenheiro civil, presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip-MG) e sócio da Viabile Planejamento e Projetos.
Assessoria de Imprensa ABRASIP-MG
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